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Mais de 3,6 milhões de brasileiros tiveram cartão clonado em 2018

Por 21 de maio de 2019 outubro 18th, 2019 Nenhum comentário

Há muito tempo mencionamos aqui no Blog da Konduto que clonagem de cartão de crédito e tentativa de compras fraudulentas na internet são crimes de altíssima recorrência no Brasil, apesar de ser um tema pouquíssimo debatido por aí. Esta semana, porém, o jornal O Globo publicou uma reportagem com base em um estudo da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) que nos ajuda a ter uma noção do real impacto do cartão clonado de tudo isso na nossa realidade.

Clonagem de cartão de crédito é a fraude mais comum no país, é a manchete da reportagem. A notícia cita que, de acordo com o relatório elaborado por essas duas instituições, cerca de 8,9 milhões de brasileiros sofreram algum tipo de golpe num intervalo de 12 meses, entre abril de 2018 e março de 2019. E, deste número, a fraude mais comum foi a clonagem de cartão de crédito: 41%, ou 3,65 milhões de pessoas – inclusive eu, como eu já contei neste artigo de mea-culpa!

É muito cartão clonado

Ok, 3,65 milhões de pessoas é muita coisa – cerca de 1,8% da população brasileira, segundo o IBGE. Mas, segundo uma pesquisa do próprio SPC, das 202 milhões de pessoas em nosso País, “apenas” 52 milhões utilizam o cartão de crédito como meio de pagamento.

Se pensarmos assim, são 3,65 milhões de pessoas vítimas de clonagem de cartão em um universo de 52 milhões. Sabe o que isso representa? 7% dos portadores tiveram o cartão clonado em um período de 12 meses. Ou 1 a cada 14 pessoas!

Se você estiver lendo este texto no escritório, faça o teste e pergunte quantas pessoas ao seu redor sofreram este golpe nos últimos 12 meses.

Será que o índice é fiel e condiz com a reportagem? Eu aposto que sim – ah, e se você estiver lendo este texto no escritório, aproveite e encaminhe-o para todo mundo e intime convide o pessoal para assinar a nossa newsletter, né?

Onde o cartão clonado foi usado?

Fácil, né? Nem é preciso pensar muito para dizer que foi na internet: quase metade das pessoas (48%) alegou que o cartão clonado foi utilizado em transações não presentes, sejam elas em lojas virtuais ou em serviços pagos on-line.

Ah, então é isso: o cartão foi fraudado no e-commerce e a culpa é da loja que clonou o cartão!

Não. Não mesmo. Definitivamente não. Mil vezes não!

O e-commerce que recebeu essa compra de origem fraudulenta é tão vítima quanto nós, pessoas físicas, que sofreram a clonagem do plástico. Os criminosos obtiveram os dados do cartão de alguma forma que provavelmente não saberemos (vazamentos de informações, maquininhas com chupa-cabra ou até mesmo negligência do portador do cartão!) e, em seguida, realizaram uma transação ilegítima na internet.

É que é muito inseguro pagar on-line com cartão, né?

Pelo contrário – e essa é outra baboseira muito falada por aí que precisa ser desmentida. E a própria Associação Brasileira de Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) tratou de esclarecer isso na reportagem produzida por O Globo.

Consultada, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) afirmou que o sistema de pagamento eletrônico do país é um dos “mais evoluídos do mundo, principalmente no âmbito da segurança”. A entidade acrescenta que as empresas do setor investem em tecnologias que monitoram em tempo real os comportamentos de uso dos cartões e detectam possíveis compras indevidas. A Abecs ainda mantém um comitê dedicado ao aprimoramento da segurança.

E a gente assina embaixo.

O estudo de CNDL e SPC Brasil e também a reportagem publicada por O Globo nos faz relembrar uma frase histórica, que eu uso muito no meu dia a dia e que foi citada pelo Rei Salomão no bíblico Eclesiastes, por Eça de Queiroz em A cidade e as serras e por Caetano Veloso em A luz de Tieta.

Ops, não, não essa. Falha minha. A frase na verdade é essa:

Nada novo sob o sol

Pois é. Ter o cartão clonado não é novidade para ninguém, e há anos já comentamos aqui que as fraudes cibernéticas em pagamentos digitais estão entre os crimes mais difundidos no Brasil. Entretanto, é muito importante este movimento de divulgação de números, compartilhamento de informações, pesquisas, reportagens e debates sobre o assunto.

É preciso falar mais sobre isso. É preciso fazer mais estudos, publicar mais notícias, investigar mais. Em um cenário com tanta tecnologia disponível e super eficiente para ajudar lojistas e intermediadores de pagamento a evitar chargebacks, a troca de informações continua sendo a arma mais importante no combate à fraude.

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Felipe Held

Autor Felipe Held

Maratonista, palmeirense, beatlemaníaco e enciclopédia de piadas do Chaves, Felipe foi Head de Comunicação e Marketing da Konduto entre outubro de 2015 e outubro de 2020. Jornalista pela Cásper Líbero e pós-graduado em marketing pela ESPM, trabalhou em redações esportivas de Gazeta, UOL e Terra antes de entrar para o mundo de prevenção à fraude. Já entrevistou Pelé, Maria Esther Bueno, Guga, Guardiola e Bernardinho, mas diz que os dias mais incríveis da carreira foi quando apresentou a duas primeiras edições do Fraud Day.

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