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Pedidos aumentam… fraudes também: o e-commerce no 1º semestre de 2020

Por 13 de agosto de 2020 janeiro 20th, 2022 Nenhum comentário

A Black Friday continua sendo apenas no fim de novembro, mas o e-commerce brasileiro registrou ao longo do primeiro semestre de 2020 muitos dias com um volume de pedidos similar ao da principal data do calendário das vendas on-line.

O motivo para isso você já leu aqui e em outros lugares: a pandemia do novo coronavírus forçou o fechamento de lojas físicas, levou nossas principais cidades a adotarem quarentena por meses e encorajou milhares de brasileiros a migrarem para o virtual – tanto varejistas como consumidores.

Só que quem também tentou tirar proveito do ciclo positivo do e-commerce – adivinhe – foram os fraudadores (que, como costumamos dizer, sempre vão para onde o dinheiro está). A exemplo dos pedidos bons, as tentativas de compras ilegítimas também dispararam na primeira metade do ano.

Tiramos estas e outras conclusões ao analisarmos os cerca de 123 milhões de pedidos que passaram pelos sistemas da Konduto entre 1 de janeiro e 30 de junho de 2020 e que foram feitos em mais de 4 mil lojas virtuais dos mais diversos segmentos que usam o nosso antifraude. Confira os números no detalhe abaixo.

E-commerce dispara

Enquanto as primeiras notícias sobre um vírus que surgiu na China ainda não afetavam nossa realidade, o comércio eletrônico viveu estabilidade – houve queda de 1,18% no número de pedidos no mês de fevereiro em relação a janeiro, segundo os nossos dados. Já em março, com os primeiros casos no Brasil e o início das recomendações de isolamento social, veio o primeiro avanço (+22,11% se comparado ao mês anterior).

Os saltos no número de pedidos, de acordo com nosso levantamento, vieram nos dois meses seguintes: abril teve 49,73% a mais de vendas on-line que março, enquanto que maio registrou um crescimento de 36,25% em relação a abril.

Foi só em junho que houve a primeira queda em comparação ao mês anterior (de 10,85%), o que coincidiu com a reabertura do comércio físico e a flexibilização da quarentena em algumas regiões. Ainda assim, o aumento do e-commerce em junho quando comparado a janeiro é de 119,45%.

Mês

Variação pedidos e-commerce Ticket médio

Ticket médio fraude

Janeiro R$ 358,09

R$ 886,16

Fevereiro -1,18% R$ 348,69

R$ 806,07

Março

+22,11% R$ 304,92

R$ 613,61

Abril

+49,73% R$ 262,26

R$ 589,30

Maio

+36,25% R$ 282,36

R$ 544,84

Junho

-10,85% R$ 308,53

R$ 629,13

Importante ressaltar que o brasileiro fez mais compras on-line, mas não necessariamente gastou mais, o que reflete o impacto econômico da pandemia no bolso de muitos. O mês com maior ticket médio foi janeiro (R$ 358,09). A partir daí, houve queda nos três meses seguintes (em abril, o valor ficou em R$ 262,26, o menor do semestre). Depois, datas sazonais como Dia dos Namorados e Dia das Mães colaboraram para uma recuperação (em junho, o ticket médio foi de R$ 308,53).

O ticket médio das compras no e-commerce no primeiro semestre ficou em R$ 302,22. Um número abaixo da média – em 2019, como mostrou o Raio-X da Fraude, o brasileiro gastou em média R$ 472,73 nas compras on-line. Mas lembre-se: agora foram milhões de pedidos a mais.

Fraudes também aumentam

Criminosos cibernéticos estão tentando capitalizar com a pandemia desde que a crise começou – principalmente com golpes de phishing, engenharia social e invasão de contas. Com os números consolidados do primeiro semestre, também podemos concluir que as tentativas de fraude às lojas virtuais cresceram.

Março registrou a maior taxa de tentativas de fraude no semestre – 3,99%. Ou seja, a cada 100 compras feitas no Brasil no mês em que todo o ecossistema do e-commerce começava a se preparar para o volume maior de pedidos, 4 tiveram origem ilegal.

O ano havia começado com taxas dentro da normalidade (janeiro com 2,78% e fevereiro com 3,05%). Houve queda de 28% nas tentativas de fraude de março para abril, quando o índice ficou em 2,85%. Nos dois meses seguintes, porém, novos avanços – para 3,59% em maio e 3,89% em junho.

Para resumir melhor o cenário: a taxa de tentativa de fraudes no semestre ficou em 3,49%. Quando comparamos janeiro a junho, o índice cresceu cerca de 25%.

Importante ressaltar aqui que tentativas de fraude não são fraudes efetivas – muitas delas foram bloqueadas pelo próprio varejista, pelo sistema antifraude ou pelas instituições financeiras envolvidas na operação.

E um segundo ponto: os pedidos fraudulentos do e-commerce continuaram mais altos do que os pedidos bons neste primeiro semestre. A exemplo das compras legítimas, o ticket médio das compras ilegítimas também caiu consideravelmente – este valor, que em janeiro era R$ 886,16, alcançou R$ 544,84 em maio (veja mais detalhes na tabela acima).

O ticket médio dos pedidos fraudulentos do e-commerce no primeiro semestre ficou em R$ 641,38 – no ano passado, para efeito de comparação, ele girou em torno de R$ 790. Ainda assim, o valor foi mais que o dobro do que os consumidores bons gastaram na primeira metade deste ano (os criminosos historicamente visam produtos de alto valor agregado e poder de revenda, e isso não mudou na pandemia).

Antes da quarentena x depois da quarentena

Para concluir (são muitos números, né?), vamos mostrar como os pedidos do e-commerce, as tentativas de fraude e o ticket médio variaram de acordo com os impactos da pandemia no Brasil. Para isso, vamos considerar o período entre 1 de janeiro e 15 de março como pré-quarentena, 16 de março a 9 de junho como quarentena e a partir de 10 de junho (até 31 de julho) como reabertura. Por se tratarem de períodos com números diferentes de dias, calculamos os números a seguir conforme a média de pedidos por dia nos períodos em questão.

Período

Taxa de fraude

Variação e-commerce

Ticket médio

Ticket médio fraude

Pré-quarentena

3,30%

R$ 349,88

R$ 770,23

Quarentena

3,41%

+90,74%

R$ 277,98

R$ 573,49

Reabertura

3,75%

+7,05%

R$ 307,57

R$ 656,81

Quanto aos pedidos, o período de quarentena registrou um aumento de 90,74% quando comparado ao período pré-quarentena e a reabertura também teve ligeira alta (7%) quando comparado à quarentena. Outro dado relevante é que o volume de compras on-line no momento em que o isolamento social foi flexibilizado em muitas regiões é quase 105% maior do que nos tempos pré-pandemia.

A taxa de tentativas de fraude também cresceu – quase 15%. Pré-quarentena, o índice ficou em 3,30%. No período de reabertura, já estava em 3,75%. Este número, portanto, segue acima da média, o que é preocupante (quem tem e-commerce sabe o tamanho do problema que uma taxa de 1% de chargebacks já pode causar). Por outro lado, como podemos notar, a expansão foi menor do que a registrada nos pedidos legítimos.

Por fim, o ticket médio das compras no e-commerce pré-quarentena era de R$ 349,88. Caiu para R$ 277,98 na quarentena e depois subiu para R$ 307,57 na reabertura. Quanto aos pedidos fraudulentos, o valor foi de R$ 770,23 antes da quarentena, R$ 573,49 na quarentena e R$ 656,81 na reabertura. Ou seja, houve queda tanto no valor dos pedidos bons (12%) quanto dos ruins (14%) no ritmo atual em relação a antes do isolamento social.

Os números deste artigo servem para esmiuçar como o comércio eletrônico viveu um momento transformador no primeiro semestre – e como se preocupar com a segurança no ambiente virtual se tornou ainda mais fundamental.

Lembre-se de que o ritmo das vendas on-line continua alto mesmo com a reabertura do comércio em várias cidades – e vem aí a Black Friday mais digital da história. A segunda metade do ano, portanto, deve ter mais índices relevantes. Prometemos trazê-los no ano que vem!

Eduardo Carneiro

Autor Eduardo Carneiro

Eduardo é jornalista formado pela Cásper Líbero e produziu conteúdos sobre prevenção à fraude na Konduto entre junho de 2019 e novembro de 2020.

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