Recentemente a Netflix adotou uma medida polêmica no Brasil: a cobrança de um valor adicional por contas compartilhadas entre pessoas que não moram na mesma residência.
A resolução visa um aumento de receita e também a prevenção a fraudes – especialmente o aluguel de contas, mas será que resolve mesmo esses problemas?
A seguir, trazemos um panorama do cenário pelo ponto de vista de quem atua em antifraude.
Nesse texto você vai saber:
- Breve resumo do que aconteceu até agora e o que levou a Netflix a mudar
- Fraudes mais comuns em streamings
- O que os streamings tem feito para evitar o aluguel de contas
- O quanto tais medidas do Netflix são efetivas?
- Caminhos e soluções para os streamings
Contexto da Netflix que levou à mudança nos serviços e o que aconteceu até agora
Antes de falarmos sobre o capítulo atual da série, confira um resumo do que rolou nos episódios anteriores:
- Após um grande boom inicial, a pioneira dos streamings tem passado por um período de menor crescimento. O que, por sua vez, acarreta em cortes de gastos e revisão das estratégias, incluindo os planos disponíveis.
- Assim, desde 2022, a Netflix passou a mudar os seus planos. A principal medida foi a cobrança adicional para quem compartilhar a conta com outras pessoas que não moram na mesma residência.
- Tal medida já está em vigor em países como Chile, Costa Rica, Peru, Argentina e EUA.
- Segundo matéria da Folha de S.Paulo, a empresa já admitiu que observa uma “reação de cancelamento” de assinaturas em mercados onde a restrição é lançada, o que impacta o crescimento de assinantes no curto prazo.
- Em 23 de maio, essa resolução chegou ao Brasil com a cobrança adicional de R$12,90 e a resposta do público foi muito negativa.
- Entre as reações, foram apontadas sinalizações de cancelamento do streaming, adesão a outros serviços similares e também o caminho da pirataria.
- Além disso, o Procon de diferentes estados têm entrado com ação questionando esta mudança da Netflix. O Procon-PR, por exemplo, mencionou que no site do streaming diz “assista onde quiser”, o que induziria o consumidor ao erro.
Dado esse cenário, a pergunta que fica é: por que uma empresa com uma marca tão forte e bem trabalhada como a Netflix tomou uma atitude dessas? A resposta está no próximo episódio, digo, tópico.
Fraudes mais comuns em streamings
Ao cobrar a mais de quem compartilha o acesso com outras pessoas, a Netflix mira diminuir uma das fraudes mais comuns em streamings: o aluguel de contas.
Por vezes chamada de “conta laranja”, esse tipo de fraude é, na verdade, quando uma pessoa faz uma assinatura e repassa ela para outras pessoas que sequer conhece mediante um pagamento. Ou seja, faz da própria assinatura, uma forma de ganhar dinheiro em cima.
Isso pode ser feito a partir de uma conta para algumas ou para muitas pessoas. E também a partir de várias contas para ainda mais pessoas – uma tática conhecida como “account farming”, ou seja, quando um fraudador cria uma fazenda de contas.
Atenção: o que foi levantado não se trata de quem compartilha a senha com a família, ainda que tais pessoas sejam, justamente, um dos grupos atingidos por essa mudança do streaming – assunto que abordarei a seguir.
Um ponto que surge aqui é que essa não é a única fraude que atinge os streamings. Outras fraudes comuns do segmento são:
- Abuso de teste grátis (free trial);
- Invasão ou sequestro de conta;
- Pirataria;
- IPTVs não legalizadas;
- Fraudes de pagamentos.
A pirataria e as IPTVs não legalizadas, por exemplo, são um problema enorme para todos os streamings. Já as fraudes em pagamentos, estão dentro da margem de risco do segmento e contam com soluções de antifraude avançadas da Konduto – como falaremos melhor neste texto. Quem atua neste mercado, sabe e conhece essas fraudes, tendo uma atuação contínua para a sua diminuição.
Leia também: Dicionário do antifraude: principais tipos de fraudes
O que os streamings tem feito para evitar o aluguel de contas
Como o foco dessa ação polêmica da Netflix visa evitar o aluguel de contas, vamos, a partir daqui, nos concentrar nele.
Nisso, o primeiro ponto é entender quais as principais iniciativas que os streamings têm feito para evitar que esse tipo de fraude ocorra. As principais ações são:
- Informação: por meio de materiais explicativos, os serviços sinalizam aos usuários os riscos de compartilhar informações das suas contas. O perigo aqui é a conta ter seus dados vazados e ser vendida na deep web. Caso a pessoa use a mesma senha para outros serviços, a ameaça se multiplica ainda mais.
- Promoções e pacotes familiares: é comum streamings terem ações promocionais e pacotes para mais de uma tela ou usuário. É uma forma de manter legalizado quem quer compartilhar o conteúdo com familiares, por exemplo.
- Restrições: o caso mais marcante tem sido justamente esse da Netflix, que realizou uma mudança nos seus planos e passou a restringir os acessos a um mesmo Wi-fi, por exemplo.
O quanto tais medidas do Netflix são efetivas?
Para responder a essa pergunta, vamos trazer contextos relevantes e também novas questões para pensarmos em conjunto.
Contexto cultural: o brasileiro gosta de compartilhar
Conhecer o mercado onde você atua é fundamental tanto para oferecer serviços adequados, como para prevenir as fraudes. Isso passa pelo conceito de Know Your Customer, mas vai além.
No caso dos streamings, a cultura de compartilhar (a tela, o acesso e a senha) se juntou de tal forma que ficou intrínseca. É quase um sentimento de que “eu tenho o streaming para compartilhar com quem eu gosto”. Uma sensação tão boa quanto chamar os amigos para comer junto – o que é comum em outros países, mas no nosso a socialização é um pouco mais forte no dia a dia.
Um dado que ajuda a entender é o fato do Brasil ser o terceiro entre as nações que mais passam tempo nas redes sociais. Outra informação é a famosa “casa de praia” que acaba sendo da família – e a família empresta para os amigos.
Pensa comigo, se as pessoas, no geral (e tudo bem se você não é desse perfil), emprestam até a casa, você acha mesmo que não irão emprestar o streaming?
Contexto econômico: da Netflix e também a nível Brasil
Como citei antes, um dos objetivos dessa mudança nos planos da Netflix é aumentar a receita da empresa. O que o streaming já sinalizou é que é comum a reação de cancelamentos. Porém, também segundo eles, depois de um tempo há uma retomada de assinaturas, principalmente das pessoas aderindo à nova taxa para manter o acesso aos conteúdos. Ou seja, a empresa sabe o risco que corre nesse sentido.
Por outro lado, há o contexto econômico do Brasil. Segundo a Carta de Conjuntura do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), “o comportamento dos indicadores setoriais indica desaceleração bastante disseminada da atividade econômica, e este quadro se manteve nos primeiros meses de 2023”. A carta ainda nos diz que os índices de preços ao consumidor e também a inflação se encontram em patamares relativamente elevados. A previsão para 2023 é que a economia se recupere ao longo do ano, registrando crescimento de 1,4%.
Dito isso e entendendo minimamente como é a vida do brasileiro, sabemos que a situação não é fácil e que a população busca ao máximo manter seus momentos de alegria – o que inclui assistir à série que tanto gosta e o filme com Mozão. Em outras palavras, as pessoas dificilmente irão retroceder e ficar sem um serviço ao qual já se habituaram. Até porque assistir à Netflix agrega em qualidade de vida. E ninguém quer perder o que já conquistou.
As dúvidas que surgem com essa mudança da Netflix
A partir desses contextos, surgem outras dúvidas a respeito da polêmica:
- A Netflix sabe que o risco de perda de receita é alto. Então por que ir por esse caminho tão arriscado?
- Ao fazer tal restrição, a Netflix está contribuindo de fato para que diminua o aluguel de contas ou, na verdade, estimulando para que mais pessoas busquem outros tipos de soluções, como a pirataria e IPTVs não regularizadas?
- Será que não é melhor garantir contas seguras e pagas, quem sabe até estimulando o compartilhamento entre pessoas conhecidas, ao invés de uma atitude dessas?
Em resumo, as dúvidas geram o questionamento: até que ponto tais regras tão duras adotadas pela Netflix irão, de fato, diminuir as contas de aluguel ou, na verdade, irão atingir seus clientes que tanto adoram a marca? Para responder a essas e outras perguntas, vamos apontar alguns caminhos de quem é antifraudista e adora pensar em soluções.
Caminhos e soluções para os streamings
Como entendemos, o problema não é um só e não adianta muito focar em um lado e atrapalhar os outros. Quem trabalha em antifraude sabe que precisa sempre manter o equilíbrio entre: aprovação, revisão manual e falsos positivos, e chargebacks. A seguir vamos trazer ideias para solucionar pensando nesse tripé.
- Diminuir a chance de fraudes já no cadastro: soluções voltadas para a validação de onboarding, facilitam identificar se os dados daquele cadastro formam um bom casamento ou se há sinais de cilada.
- Entender o comportamento de compra: conhecendo bem o comportamento do seu cliente, inclusive a cultura local, fica mais fácil identificar a jornada de adesão e até mesmo o uso de um streaming. Assim, quando esse comportamento é revisado por uma análise automática de antifraude, pessoas fraudadoras caem na peneira e logo são afastadas.
- Prevenção no pagamento: aqui é o básico do básico, mas não tem como não fazer, né? É aquela verificação, automática e/ou de mesa, feita pelo antifraude para evitar que haja problema no pagamento do streaming.
- Atuação em conjunto com um meio de pagamento. Por exemplo, uma instituição financeira pode identificar que logo após pagar pela assinatura de um streaming, uma pessoa passou a receber um volume de transferências que não costumava receber antes. A associação entre esses dois comportamentos, pode sinalizar aluguel de contas.
Leia também: Como escolher uma boa solução antifraude para o seu negócio
Não existe caminho fácil, mas existe o caminho com a Konduto
Seja para um streaming, como para um e-commerce, a busca por aumentar a receita deve passar por diminuir os prejuízos com fraudes. E as formas como isso é feito são variadas. Ciente disso, é preciso fazer escolhas.
Escolher um bom antifraude que oferece soluções de prevenção já no cadastro, mas que também te acompanha nas transações via machine learning e ainda agrega a revisão manual como uma camada a mais de segurança, faz o caminho ter bem menos riscos.
A Konduto conta com todos esses serviços aliados a um painel de fácil manuseio, regras adaptadas ao seu segmento – e que podem ser ajustadas de forma ágil por você mesmo, além de um time que vai contigo a cada passo. Conheça a Konduto pelo site ou, se preferir, envie um oi por e-mail contando o que você precisa.